Em entrevista, Carlos Henrique Baqueta Fávaro fala sobre as mudanças no setor e o esforço para o avanço das exportações
Foi aberta nesta quinta-feira (27), em Minas Gerais, a quarta edição da ExpoQueijo Brasil – Araxá International Cheese Awards. O evento reúne neste ano mais de sete toneladas de queijos de 14 países e tem como destaque um concurso internacional, considerado o mais importante das Américas. Em entrevista, o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Henrique Baqueta Fávaro, falou sobre o evento, as mudanças no setor e o esforço para o avanço das exportações.
A ExpoQueijo Brasil é o principal evento do queijo e da cadeia nas Américas. Qual a importância de termos o Brasil e Minas Gerais como referência no setor para o continente?
Primeiro é importante ressaltar a qualidade dos nossos produtos. O queijo brasileiro, o queijo mineiro, em especial, não é apenas uma referência de sabor, é uma memória afetiva para os brasileiros, é uma marca do nosso país. Isso se faz com a vocação de homens e mulheres que trabalham com dedicação no setor, mas também, temos que reconhecer o trabalho realizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na garantia da qualidade dos produtos, no combate às fraudes, na sanidade e na defesa agropecuária que fazem do nosso país um dos principais produtores e exportadores do mundo em diversos produtos. Com o queijo, não é diferente, essa referência no continente é resultado de muito trabalho que abre portas e gera oportunidades para muitos trabalhadores e trabalhadoras, Brasil afora. É, com certeza, um caminho que tende a crescer cada vez mais.
Neste ano, 14 participam do concurso da ExpoQueijo. Na sua opinião, qual o legado que essa competição deixa para o avanço da qualidade e da profissionalização no setor?
Quando a gente vê o interesse crescente dos países em promover seus produtos, em competir e, sabemos que os nossos produtos são extremamente competitivos pela alta qualidade, podemos ter uma pequena noção da importância deste mercado. Além do estímulo à produção e ao comércio do queijo brasileiro, tanto para os brasileiros quanto para os cidadãos de todo o mundo, temos também a oportunidade de mostrar a importância e o quanto é fundamental que os produtores se incorporem a alta régua da regularização, da certificação de seus produtos com os devidos selos de inspeção, o que traz vantagens para todo o setor.
Ter um concurso, como o da ExpoQueijo, que aceita somente queijos certificados, é um diferencial? Como o senhor vê isso?
Isso é fundamental. As entidades, sociedade, os pequenos, médios e grandes produtores precisam estimular a regularização e um evento importante como esse também cumpre esse papel para que o Mapa conheça quem são os produtores, fiscalize, ateste a qualidade dos produtos e cada vez mais as pessoas do Brasil e do mundo possam ter os melhores queijos na sua mesa.
Como o Ministério vê hoje a importância do queijo como produto do agronegócio? E como analisa a variedade encontrada nas diversas regiões produtoras para a questão comercial?
O queijo é um alimento extremamente incorporado à alimentação do brasileiro. Faz parte da nossa gastronomia, assim como o arroz e o feijão. É, não apenas uma fonte de proteína, mas também um grande agregador de valor à gastronomia, que gera também oportunidades em outros setores. São sabores ligados à cultura, à regionalidade, à memória afetiva das pessoas. Por isso, é muito importante que aqueles produtores que sabem que fazem um produto especial, diferenciado, façam isso dentro da regularidade.
Retomamos e fortalecemos, no Mapa, o projeto ComSim, que visa ampliação de mercados de Produtos de Origem Animal, orientando os consórcios públicos de municípios na busca de desenvolvimento dos serviços de inspeção desses produtos oportunizando a integração ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA), que permite a comercialização do produto certificado em todo o país.
O modo de fabricação do Queijo Mina Artesanal está prestes a se tornar Patrimônio Imaterial da Humanidade. Como o Ministério avalia esse movimento e quais os ganhos esse reconhecimento traria para o Estado, em sua avaliação?
É mais um impulso e um reconhecimento da qualidade dos produtos. Agrega valor e vai gerar muitas oportunidades para os produtores, para os comerciantes e todo o setor de serviços da região produtora.
O reconhecimento internacional também reabre a questão do debate sobre a necessidade do avanço das exportações. Como está a situação de momento e as tratativas do Mapa para as ampliações do mercado?
Este é um trabalho que estamos fazendo com afinco no Mapa. A retomada das boas relações diplomáticas pelo presidente Lula foi um passo importante para isso, que nos abriu os caminhos para que, em apenas 18 meses, um ano e meio de governo, a gente veja o Brasil batendo todos os recordes de abertura de mercados. São 150 mercados abertos para os produtos da agropecuária brasileira e isso não é à toa. É porque o trabalho de fiscalização do Mapa, o selo de fiscalização, é reconhecido internacionalmente.
Qual a mensagem que o ministro quer passar aos produtores e à cadeia do queijo que participa da Expoqueijo?
Primeiro, ressaltar a qualidade do queijo brasileiro e parabenizar esse trabalho de excelência. E para que esse trabalho continue crescendo e se desenvolvendo, alcançando cada vez mais destinos no mundo, chegando às mesas de mais pessoas, precisamos do trabalho conjunto. Promover não é só fazer um Plano Safra, financiar, é garantir a qualidade também, combater a fraude, a má qualidade e é uma das atribuições do Mapa que vem fazendo isso com muita competência. O Brasil é a bola da vez para os produtos de qualidade. A parceria entre os privados e o Mapa vai fazer esse crescimento gerar oportunidade de emprego, de renda e desenvolvimento para todo o setor.